TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO - TEA

Renata Dechen Canale

TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO - TEA

Inspire-se, amplie-se.

Os Transtornos do Espectro do Autismo – TEA - vêm sendo um dos maiores problemas relacionados à saúde mental, em adultos e crianças. Um grande aumento desses quadros tem sido identificado, e com a grande visibilidade nas mídias, chegaram ao público, relativamente mais leigo, muitas informações, porém nem sempre confiáveis. E é evidente a importância de se ter por base apenas abordagens sobre evidências e eficácias científicas. 

Em 1906, Plouller introduziu o adjetivo autista na literatura psiquiátrica, ao estudar pacientes que tinham diagnóstico de esquizofrenia. Mas foi Bleuler, em 1911, o primeiro a difundir o termo autismo, que deriva do grego autós, que significa “de si mesmo”, definindo-o como perda de contato com a realidade, causada pela impossibilidade ou grande dificuldade na comunicação interpessoal. No entanto, as primeiras descrições têm início oficial em 1943, quando Leo Kanner usou a mesma expressão sugerindo uma inabilidade inata para estabelecer contato afetivo e interpessoal, descrevendo um quadro caracterizado por autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. 

Hans Asperger, quase na mesma época que Kanner, também diferenciou um grupo de crianças com déficits no desenvolvimento, sem outras características associadas à deficiência mental, e deu o nome de psicopatia autística. 

Embora as discussões sobre o autismo começaram faz mais de sessenta anos seu pleno reconhecimento como uma patologia separada de outros transtornos, como da esquizofrenia na infância ou do retardo metal, evoluiu muito gradualmente. Foi somente após 1980 que o autismo deixou de ser incluído entre as “psicoses infantis” e passou a ser considerado um “transtorno invasivo do desenvolvimento” - TID.

O autismo, de acordo com as evidências científicas, é um neurodesenvolvimento atípico, provocando prejuízos em três áreas: comunicação, interação social, interesses restritos e movimentos repetitivos, com prevalência de 1:59. 

Os instrumentos classificatórios internacionalmente adotados são a Classificação Internacional de Doenças - CID e o Manual Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM. 

No TEA os sintomas se apresentam de forma muito particular em cada criança e variam quanto ao grau de comprometimento, de associação ou não com deficiência intelectual ou com a presença ou não de fala, podendo ainda ser considerados leves, moderados ou severos. Estas variações e o momento do diagnóstico definem o prognóstico.

Os TEA podem também ser classificados funcionalmente, em nível 1, quando exige pouco apoio, nível 2, exige apoio substancial, e nível 3, quando exige apoio muito substancial. Os meninos são mais afetados, numa proporção de quatro a cinco para cada menina. As causas são multifatoriais, fatores genéticos e ambientais. O diagnóstico do autismo é clínico, feito através da observação direta do comportamento e pela entrevista com os pais e ou tutores. Os sintomas costumam aparecer antes dos três anos de idade.

Também é muito importante considerar que o TEA se associa frequentemente a outras condições neuropsiquiátricas, como hiperatividade, agressividade, distúrbios de sono, problemas de coordenação motora, epilepsia, fobia social, deficiência intelectual, transtornos de linguagem, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno opositor desafiador, assim como a condições médicas, com alergias alimentares, disfunções imunológicas, distúrbios gastrintestinais, etc.

Os sinais para TEA podem ser observados já no primeiro ano de vida, pela falta de contato ocular, falta de respostas consistentes ao chamado do nome, dificuldade na atenção compartilhada, no brincar de forma repetitiva e não funcional, e na presença de movimentos estereotipados. Podem ainda demonstrar interesse exagerado em girar objetos ou em olhar objetos que giram, e terem respostas peculiares a estímulos sensoriais, tais como sensibilidade exagerada a determinados sons e resistência às texturas. 

Após a identificação e diagnóstico, por um neuropediatra ou psiquiatra infantil, é de alta relevância iniciar o quanto antes o processo de intervenções terapêuticas, por equipe multidisciplinar.

Os modelos de intervenção podem ser a Análise Aplicada do Comportamento - ABA, o TEACCH, e o Modelo Denver de Intervenção Precoce - ESDM. Como sistema de comunicação alternativa, destaca-se o Picture Exchange Communication System – PECS, e ainda, a Terapia de Integração Sensorial, realizada pelo terapeuta ocupacional.

Referências Bibliográficas:

  • Brites, Clay.Autismo, sintomas e diagnóstico. Publicação do site Entendendo o Autismo. 2018.
  • Camargos Jr, Walter et al. Transtornos invasivos do 3º milênio. Brasília: CORDE, 2005.
  • Pereira, Thais Caroline; Barra, Claudia Maria Cabral Moro. Autismo: o que fazer? Dicas e orientações. Curitiba: Máquina de Escrever, 2015.
  • Schwartzman, José Salomão; Araujo, Ceres Alves. Transtornos do Espectro do Autismo. São Paulo: Memnon, 2011.
  • Schwartzman, José Salomão. Cemdúvidas sobre o autismo. São Paulo: Memnon Edições Científicas. 2018.

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Renata Dechen Canale

Renata Dechen Canale

CREFITO-3/ 12102-TO

Terapeuta Ocupacional
Especialização em Reabilitação em Neurologia Infantil;
Educação Especial e Inclusiva; e em Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) ao Autismo e
Certificação Internacional em Integração Sensorial.

Rua Abolição, 543 – Sala 06, Vl. Santa Catarina - Americana

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(19) 3013.1433

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