VAMOS FALAR DE PESSOAS, E NÃO DE CIRURGIAS

Leonardo Stella

VAMOS FALAR DE PESSOAS, E NÃO DE CIRURGIAS

Esse texto merece um minuto da sua atenção, hoje não vou falar de cirurgia plástica.
 

Não tem mais como fugir, e já estamos no meio da pandemia. Não iremos nos entregar, nós vamos vencer esse vírus.

Quantas frases bonitas de incentivo, dá até vontade de pegar em armas para acabar com a raça desse inimigo invisível, disparando nossas metralhadoras e mísseis, mas sabemos que são necessários outros tipos de armas, que serão outros guerreiros que estarão na linha de frente, travando uma batalha incessante, sanguinária e mortal, em um campo de confronto muito diferente do que vimos até hoje nos jornais, nos filmes hollywoodianos.

Uma batalha sem prédios destruídos e sem árvores em chamas, mas certamente com corpos. Sim, corpos. E dentro desses corpos estão sendo travadas as mais mortais batalhas que a humanidade não via desde a gripe espanhola.

E nossos verdadeiros guerreiros estão isolados das famílias, sem tempo de dormir em casa, ficam horas em pé, dentre tantos outros sacrifícios que vemos. E pensar que antes disso tudo acontecer eram, por muitas vezes, desrespeitados em seus locais de trabalho, por várias vezes agredidos com murros. Quantos já estamparam notícias de jornais, e não era pelos seus feitos heroicos, mas por terem levado uma facada - quando não havia leito para internar um familiar de alguém.

Nunca vi um reality show sobre aquele que acorda às cinco da manhã e vai para o seu emprego, passa o dia sob estresse por ter como responsabilidade a vida de uma pessoa, e da sua própria, pois acidentes acontecem e em alguns casos os vereditos são irreversíveis, e que depois de uma jornada de quase doze horas ainda tem que enfrentar outro plantão porque logicamente recebe pouco. Nem vou entrar no mérito das péssimas condições de trabalho e da falta de materiais, seria muito drama para esse texto despretensioso.

Nos orgulhamos de estar em um mundo globalizado, onde tudo está ao nosso alcance, mas nos descuidamos, nós fizemos pouco caso, fomos facilitadores e, de certa forma, fomos o agente de turismo do COVID-19.

Sei que iremos sobreviver a mais essa prova para a existência humana, e espero que a consciência sobre fazermos parte do planeta dure por um longo tempo e não cai tão facilmente no esquecimento. Essa é a nossa chance de nos tornarmos melhores.

Dedico esse meu sentimento de gratidão a todos os profissionais da saúde que direta ou indiretamente estão ajudando a humanidade em mais um capítulo da história. Deixemos nosso recado para os heróis da área da saúde.

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